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14 de maio de 2016

Um fim.

Eu demorei muito para escrever este post. Ele está salvo nos rascunhos há pelo menos seis meses. Eu nunca tive coragem de publicá-lo por acreditar que, enquanto ele não fosse publicado, não seria verdade. 

Mas já passou da hora de dar um adeus.

Há cinco anos eu me imaginava vivendo de livros e trabalhando com isso. Não que hoje eu não pense nisso. Ainda quero trabalhar com literatura, mas não da mesma maneira que há cinco anos atrás. Quando se é adolescente e não se tem responsabilidades com trabalho e faculdade é fácil criar expectativas e projetos. E não estou dizendo que isso não é bom. É ótimo! Fazer planos e investir neles é viver. Acreditar em você é a arma principal para não desistir dos seus sonhos. 

Mas a vida nos leva a caminhos que a gente não planeja. Há cinco anos atrás eu nunca imaginei que cinco anos depois eu ainda estaria morando com meus pais, com um trabalho em tempo integral e cursando História em uma universidade pública. Eu podia jurar que já estaria morando em uma capital, com meu apartamento próprio e vivendo insanamente. Ledo engano. Não que eu não viva intensamente. Claro que vivo. Não é porque nossos planos não saíram do jeito que imaginamos que não podemos ser felizes. Cecelia Ahern em Simplesmente Acontece demonstra isso claramente. A nossa vida é feita de acasos e nem por isso deixamos de viver. O que tiver de acontecer, uma hora simplesmente acontece. 

Mas deixando a filosofia de vida de lado, falemos do blog. 

Quando eu percebi que não estava mais dando conta de atualizar e manter um nível de postagens, eu achei que isso passaria com o tempo. E o tempo passou. E eu não conseguia postar. Mas mesmo assim relutei em aceitar o fato de que o tempo do blog tinha passado. Acho que por eu ter conhecido UMA PÁ de gente bacanuda demais graças a esse projeto tão lindo que eu demorei a aceitar. O blog acabou. Game over. É hora de seguir em frente.

O Jantando Livros me trouxe amigos sensacionais. Muitos deles eu converso até hoje e são meus confidentes quando a real life aqui fica pesada (MdB ♥). Eu cresci muito graças ao blog. E as bienais do livro foram o momento de externar todo o amor virtual que a gente construiu nesta interwebs de Inês Brasil.

O meu amor à literatura continua mais vivo do que nunca. Isso NUNCA vai morrer. Eu ainda quero estampar a estante de vocês com livros escritos por mim. Eu ainda quero viver muita literatura por aí. Porque eu acredito no poder de transformação dos livros. Porque eu acredito que a educação com a literatura é capaz de mudar o mundo. E nunca vou deixar isso morrer dentro de mim.

Eu termino esta etapa tão bacana da minha vida dizendo um obrigado imenso a todo mundo que me leu e interagiu e conversou e me abraçou e foi lindo comigo durante esses mais de quatro anos de blog. Vocês são FODAS. 

Continuarei indo a todas as Bienais do Livro que eu conseguir. Nos vemos em São Paulo em agosto!

Estarei sempre nas redes sociais conversando e interagindo e problematizando e discutindo sobre tudo. 

Viva essa nossa paixão maravilhosa. Viva os livros com orelha e de páginas amarelas. E viva os que não são também, porque o importante é o conteúdo! GENTE, EU TÔ MUITO MUDADO! (Mas ainda prefiro as versões normais, nada contra as edições econômicas, até tenho amigos que são).

Obrigado, mil vezes obrigado.
Com amor,
Gus.

22 de julho de 2015

Sobre Saturno, retornos e sorrisos bobos

Autora: Laura Conrado
Páginas: 248
Ano: 2015
Editora: Globo

SINOPSE: Déborah Zolini tem uma vida estável: namora Sérgio há quatro anos e já sonha com o casamento, enquanto trabalha desde a formatura como assessora de imprensa em um time de futebol da segunda divisão, um emprego que não lhe proporciona grande reconhecimento, mas que pelo menos serve para pagar as contas… Em uma viagem a trabalho para o Chile, o caminho de Déborah cruza com o da cigana Saphira, que anuncia: “As estrelas gostam de você, mas Saturno não está de brincadeira. E ele se aproxima…”. Saphira se refere ao Retorno de Saturno, um fenômeno astrológico que acontece às vésperas do aniversário de trinta anos, quando o planeta volta a ocupar o mesmo local no céu em que estava no nascimento. O Retorno de Saturno costuma vir acompanhado de grandes transformações. Obra do destino ou mero acaso, o fato é que Déborah começa  a perceber sinais assim que regressa ao Brasil. Ainda no avião, ela conhece Henrique, um homem fascinante que a fará repensar a estabilidade de sua rotina. Correndo os riscos de viver um triângulo amoroso, ela precisará agora confrontar todos os medos dos quais sempre fugiu.


Eu sempre gostei de Astrologia. Nunca fui desses de ficar lendo signo em jornal todos os dias ou de mandar sms com o meu signo + o da pessoa amada para 78125 e ver se combinávamos. (E por favor, não façam isso.) Mas eu sempre gostei de saber a influência de cada signo na personalidade das pessoas. E eu piro muito quando as definições batem e são nesses momentos que eu tenho vontade de aprender mais sobre esse assunto. Gostaria então de aproveitar o momento e fazer um apelo à comissão do Senai para ver se não há a possibilidade de um curso sobre esse tema. Superfaria. 

Eis que então Laura Conrado, aquela mineirinha que tem as covinhas mais lindas desse meu Brasil, escreve um chick-lit com esse tema de fundo e faz com que todas as minhas lombrigas literárias se revirem dentro de mim e nenhuma delas sossegou enquanto eu não terminei a obra. Todas elas devidamente saciadas, chegou a hora de contar o que eu achei dessa história que tinha tudo para dar certo. E deu. 

Apesar de eu ser apaixonado pela Laura desde a Bienal do ano passado, quando a conheci, eu não havia lido nenhum de seus livros até Saturno aparecer em minha casa. Então tudo o que eu sabia sobre a escrita da autora foi de resenhas e opiniões de amigos que leram seus outros títulos. Com expectativas altas devido a esses comentários, fui para o livro com sede ao pote e ele supriu, e até superou, tudo que eu esperava da trama. 

Quando Saturno voltar não é simplesmente um livro com uma história leve e romântica, mas sim uma obra que vai falar sobre redescobertas e desencontros da vida de uma forma muito sutil e envolvente. O tal Retorno de Saturno, evento que segundo a Astrologia acontece por volta dos 29 anos de uma pessoa, é o momento em que o planeta retorna à linha que estava quando nascemos e grandes reviravoltas podem acontecer devido a esse fenômeno. É isso que Déborah, a protagonista da história, está vivendo. Seu Retorno se aproxima e grandes mudanças podem, e virão, a acontecer.

Laura possui uma escrita muito madura. Fiquei impressionado como ela domina a escrita e consegue fazer com que seus personagens ganhem vida e sejam autossuficientes. Eles são o que o livro tem de melhor. Até os caricatos vão te surpreender e fazer rir. E um destaque especial para a nova classe de personagens que sempre existiu na literatura, mas que agora possuem um nome só delas: as falsianes. Sim, QSV possui várias delas e todas destilam seu veneno e tentam de alguma forma zicar com a vida de alguém. Mas o recalque de todas elas bate na personalidade da Dedé e volta com força. 

Falando em Dedé, só amores para a grande estrela da obra. Ela é totalmente o oposto do que eu esperava e isso me surpreendeu de uma maneira muito positiva. Normalmente as protagonistas de chick-lits seguem um padrão definido e aqui não, Déborah não é estereotipada. Pelo contrário, é dona de si, torcedora fanática por futebol - daquelas que gritam e quase infartam pelo clube - e ela encara o amor de uma forma tão libertadora que é muito fácil se apaixonar e torcer para que tudo dê certo em sua vida. 

A única ressalva que faço para a história é quanto à ambientação. Eu sou chato com detalhes e eu gosto de vê-los bem construídos dentro de um livro, e algumas vezes percebi que isso não aconteceu. Em várias cenas eu queria mais do ambiente em que eles estavam, queria me sentir dentro daquele determinado lugar e como talvez o foque da autora estava mais nos diálogos dos personagens, achei que faltou mais informação quanto a isso. Eu sei que alguma pessoas podem não ligar muito para esse ponto, mas eu gosto de imaginar o ambiente em que os personagens estão inseridos. Queria ter tido mais disso dentro da obra.

Moderníssimo, QSV ainda conta com a ajuda da tecnologia em sua narrativa, os personagens são super antenados nas redes sociais e trocas de mensagens pelo WhatsApp são um charme à parte que ajuda a trama a se desenrolar de maneira muito mais fluída e despojada. 

Terminei o livro com um sorriso bobo no rosto e com a certeza de que o universo sempre conspira ao nosso favor. Mesmo quem não acredita em Astrologia deve dar uma chance a Quando Saturno voltar, pois superstições à parte, a nossa vida é cheia de mudanças e reviravoltas e esse Retorno de Saturno nada mais é do que um período em que nos damos conta que precisamos mudar. Todo mundo passa por isso e com explicação mística ou não, uma hora vai acontecer. Saber lidar com a maturidade é uma forma de evoluirmos como pessoas.

Obrigado à Globo Livros pelo exemplar belíssimo, o design ficou realmente incrível e à Laura Conrado, por essa história magnífica. Já estou ansioso para conhecer os outros títulos publicados de sua autoria. 

E só uma última coisa: queria avisar a todos que estou me rebatizando e agora todos podem me chamar de Kátia Flávia. Leia o livro e você vai entender do que eu estou falando. hahahahahahaha.
Ao longo dos meus vinte e nove anos, derramei milhares de litros d'água por essa menina enganada. Está na hora de derramar lágrimas por motivos melhores. — página 135.

24 de junho de 2015

A Rainha Vermelha, Victoria Aveyard

Autora: Victoria Aveyard
Páginas: 424
Ano: 2015
Editora: Seguinte

SINOPSE: O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
 Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
 Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe - e Mare contra seu próprio coração.

~

Terminei este livro há alguns dias e venho relutando para escrever esta resenha. Sabe aquela sensação de que nada do que eu possa falar vai ficar a altura do que eu senti ao ler a obra? É exatamente assim que estou me sentindo. Nenhuma palavra parece descrever meus sentimentos reais e as sensações que tive com essa experiência. Mas vou ao menos tentar chegar perto do que eu senti.

Desde Jogos Vorazes não ficava tão extasiado com um livro. E não que nesse tempo eu não tenha lido boas aventuras. Pelo contrário, li algumas sensacionais, mas nós sabemos, no nosso âmago do interior do mais profundo nível estratosférico da alma, quando algo mexe ~em itálico para enfatizar~ pra valer com nosso psicológico ao ponto  de querermos apenas ler e ler e ler um pouco mais. Confesso que nunca me achei um leitor normal. Reli este parágrafo e acabei de ter certeza disso. 

A Rainha Vermelha foi a experiência mais voraz que tive em 2015. A sensação que tive era de estar em uma simulação de guerra ou em um filme de ação onde eu devia estar preparado para que, a qualquer momento, algo desse errado. E com certeza deu. A autora consegue em 424 páginas dar 424 reviravoltas na história. E analisando assim pode parecer que putz, mudar tanto a história assim é porque se perdeu. Não volte a ter esse pensamento. Se tem uma coisa que tive certeza nesse livro é de que Victoria Aveyard sabe muito bem o que está fazendo.

O universo de A Rainha Vermelha não é inédito. É perceptível que a autora se inspirou em outras histórias para criar sua própria. O que deixa o livro original são os personagens, esses sim são o grande diferencial da trama e o que basta para que o desenvolvimento tenha todas as suas reviravoltas. Além disso, os poderes sobrenaturais que o enredo apresenta são um show à parte na leitura e eu ficava ansioso cada vez que eles se manifestavam, pois era sempre sinal de mais ação. A dica que eu dou quanto aos personagens é: não confie nem em si mesmo como personagem telespectador. Sério.

E se não bastassem todas as reviravoltas da história, digamos que na reta final é importante a ingestão de um chá de camomila, um suco de maracujá, e ainda assim é complicado ficar calmo com todo o turbilhão de coisas que acontecem. Digamos que meu coração ainda é um pouco acelerado depois desse final, e olhe que terminei o livro há dias!

Que vocês consigam sentir tudo que eu senti lendo este livro. E agora com licença, preciso implorar a  c e r t a s  a u t o r a s  no Twitter pela continuação. 

O segundo livro da trilogia sai em fevereiro de 2016 nos States e a Seguinte anunciou que talvez role lançamento simultâneo. Fala sério, é muito amor por essa editora. ♥