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2 de julho de 2014

A Cabeça do Santo, de Socorro Acioli

Autora: Socorro Acioli
Número de páginas: 176
Ano: 2014
Editora: Companhia das Letras

SINOPSE: Pouco antes de morrer, a mãe de Samuel lhe faz um último pedido: que ele vá encontrar a avó e o pai que nunca conheceu. Mesmo contrariado, o rapaz cumpre a promessa e faz a pé o caminho de Juazeiro do Norte até a pequena cidade de Candeia, sofrendo todas as agruras do sol impiedoso do sertão do Ceará. 
Ao chegar àquela cidade quase fantasma, ele encontra abrigo num lugar curioso: a cabeça oca e gigantesca de uma estátua inacabada de santo Antônio, que jazia separada do resto do corpo. Mas as estranhezas não param aí: Samuel começa a escutar uma confusão de vozes femininas apenas quando está dentro da cabeça. Assustado, se dá conta de que aquilo são as preces que as mulheres fazem ao santo falando de amor. 
Seu primeiro contato na cidade será com Francisco, um rapaz de quem logo fica amigo e que resolve ajudá-lo a explorar comercialmente o seu dom da escuta, promovendo casamentos e outras artimanhas amorosas. Antes parada no tempo, a cidade aos poucos volta à vida, à medida que vai sendo tomada por fiéis de todos os cantos, atraídos pelo poder inaudito de Samuel. Em meio a esse tumulto, ele ainda irá se apaixonar por uma voz misteriosa que se destaca entre as tantas outras que ecoam na cabeça do santo.


Desnudei "A Cabeça do Santo"! Hahahahaha. Sim, o livro da foto é o mesmo da capa lá no começo do post, ele só está sem roupa, ou melhor, sem a jacket amarela, e linda, que o "veste", arte da querida Companhia das Letras que apostou em um exemplar diferente e deu certo. O livro tá lindo!

Conheci Socorro na época em que A Bailarina Fantasma apareceu na blogosfera. Lembro de ter lido algumas resenhas da história e me interessado bastante pela trama. O tempo foi passando e eu acabei não tendo a oportunidade de ler o infantojuvenil da autora. Até que o destino, ou melhor, a Companhia das Letras, trouxe Socorro de volta aos meus desejados quando anunciou o lançamento de A Cabeça do Santo. Capa e sinopse logo me ganharam e eu sabia que era o momento de me aventurar com uma história da cearense. Foi o momento certo.

Devorei a obra em um dia. Não existia a possibilidade de eu ir dormir sem saber o que aconteceria com os personagens e que rumo Acioli daria à história. Ah, e que narrativa deliciosa tem Socorro. O livro é relativamente curto e isso fez com que a leitura fosse ainda mais rápida. A autora possui um carinho com as palavras que faz a diferença e deixa tudo mais leve, é perceptível o amor que ela possui pela literatura e o quanto escrever é importante pra ela. Além disso, eu notei um fator inusitado na obra: sua brasilidade. 

Eu não costumo ler clássicos brasileiros, mas sempre estou lendo algum nacional da atualidade e é a primeira vez que vejo o nordeste sendo retratado em uma história brasileira atual, o que é ótimo, pois mostra um Brasil diferente dos que estamos acostumados a ver. Quando não o universo fantástico, o foco das obras nacionais é mais a região de São Paulo e Rio de Janeiro. Sinto falta dessa variedade de culturas nacionais nas obras brasileiras mais recentes, que era muito presente nos clássicos e foi se perdendo devido a essa modernidade americanizada. É sempre bom conhecer algo diferente, mesmo que ficcionalmente, já que a cidade onde a trama se passa é inventada. Por isso, pra mim, a história da cabeça do santo tem um sabor especial a mais por causa disso. 

E além desse cenário de fundo os personagens da obra são fortes e inicialmente caricatos, mas isso vai mudando conforme o decorrer da história. O protagonista Samuel, por exemplo, dividiu minha opinião durante a história, em alguns momentos eu tinha um pé atrás com sua personalidade, mas no geral ele é um bom personagem, todo audacioso e levado pelo dinheiro a ganhar vantagem em cima das pessoas.
Há também a presença de um romance na trama, que é bem superficial e ganha mais destaque no fim, mas que me convenceu. Como tudo é muito rápido dentro da história, a parte amorosa veio no tempo certo e fechou bem com a narrativa.


A Cabeça do Santo é um daqueles livros que não consegui encontrar um ponto negativo que fosse relevante a se discutir nesta resenha. O livro tem uma ou outra coisa que eu achei desnecessária ou forçada, mas são tão pequenas em comparação a grandiosidade da obra que não dá nem pra reclamar que o número de páginas é pequeno porque a história tem o tamanho ideal. É claro que se tivesse mais trama, e consequentemente mais páginas, a se desenrolar ali seria demais, mas o livro é totalmente casado. E aí entramos em outro ponto da escrita de Socorro que me chamou muito a atenção. Toda a trama é entrelaçada, costurada, dado ponto cruz e quando você acha que ali vai ter um nó cego, Socorro acha um jeito de desatá-lo e a história termina com todos os desfechos concluídos e nada é deixado pra trás. Como não amar? <3

Adorei esse primeiro contato com a escritora e com certeza a partir de agora acompanharei tudo que ela lançar. E pra quem gosta de um livro bem brasileiro, rápido e com uma história pra lá de divertida, A Cabeça do Santo é a união de tudo isso e um pouco mais. Tá mais que recomendado!


3 comentários:

  1. Confesso que não sou a maior fã da literatura brasileira, embora eu conheça muitos livros nacionais que são extremamente fascinante. O livro não tem um enredo que me chamou muita atenção, porém acredito que o desenrolar da história possa me envolver, então é bem provável que ele entre para a minha coleção.

    http://www.laoliphant.com.br/

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  2. Uma das minhas melhores leituras no ano. Como sou escritor, procuro ler muitos autores de língua portuguesa, especialmente aqueles que gostam do realismo fantástico. É um ótimo livro!
    :)

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  3. Gente...sério que você achou a Jacket bonita?! Eu achei horrorosa!!! Eu ganhei este livro e joguei ele no canto do armário! Tava pensando seriamente em colocar ele pra troca no skoob sem nem mesmo me dar ao trabalho de ler e agora vem você com essa resenha pra me deixar na dúvida! Por que você faz isso comigo? Putz! Vou ter que ler agora, né? Mas que a jacket é um horror...ah! isso é...

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